quinta-feira, 31 de julho de 2008

"EU SÓ COMPITO SE AS REGRAS FOREM ALTERADAS!"


Que brasileiro, em sã consciência (que frase mais clichê!), diria essa frase sem titubear? Acredito que poucos, pois a maioria não teria certeza de que forma do verbo competir deveria utilizar na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, tempo que indica ação cotidiana, caracterizado pela frase "Todos os dias eu..."

Pois bem, a frase apresentada está CERTA!

O verbo competir deve ser assim conjugado no presente do indicativo:

Eu compito,
Tu competes,
Ele compete,
Nós competimos,
Vós competis,
Eles competem.

No presente do subjuntivo, tempo que indica hipótese, desejo, dúvida no momento presente, caracterizado pela expressão "Espero que eu..." , deve ser assim conjugado:

Que eu compita,
Que tu compitas,
Que ele compita,
Que nós compitamos,
Que vós compitais,
Que eles compitam.

Conjugações semelhantes ocorrem com os verbos:

aderir, despir, inserir, repelir, advertir, diferir, interferir, ressentir, aferir, digerir, investir, revestir, aspergir, discernir, mentir, seguir, assentir, divergir, perseguir, sentir, auferir, divertir, preferir, servir, compelir, expelir, pressentir, sugerir, concernir, ferir, preterir, transferir, consentir, impelir, prosseguir, deferir, inferir, referir, desferir, ingerir, refletir.

VAMOS PRATICAR UM POUQUINHO?

Teste da semana:

Que opção completa corretamente as lacunas da frase abaixo?

Não _____ problemas entre _____ e você.

a) há - mim;
b) existe - mim;
c) há - eu;
d) existem - eu.

Resposta do teste:

Letra (a). O verbo HAVER, com o sentido de “existir”, é impessoal (sem sujeito), por isso só deve ser usado no singular: “ problemas = EXISTEM problemas”. Já a preposição “entre” exige o uso do pronome oblíquo tônico: “entre MIM e você”.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

VERBOS: PRESENTE DO INDICATIVO

Observe atentamente os tempos verbais das formas destacadas na canção abaixo:

O mundo é um moinho
(Composição: Cartola)

Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
anuncias a hora da partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção querida
Embora saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões à pó.

Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás a beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés

Todas as formas verbais destacadas nessa belíssima letra de Cartola aparecem flexionadas no PRESENTE e, como o expressam em tom de certeza, de afirmação dos fatos, então este é o PRESENTE DO MODO INDICATIVO.

Vamos relembrar esse TEMPO e esse MODO?

PRESENTE DO INDICATIVO

O MODO INDICATIVO serve para expressar ações definidas, reais. O TEMPO PRESENTE, normalmente, exprime as ações que acontecem no momento em que se fala. Entretanto, este tempo verbal pode ser também empregado em outras circunstâncias. Vejamos alguns empregos do presente do indicativo na língua portuguesa:

* Para indicar PRESENTE MOMENTÂNEO:

"Não percamos de vista o ardente Sílvio que lá vai, que desce e sobe, escorrega e salta." - M. Assis. (Fato atual, que se dá no momento em que se fala; o narrador, aqui, está presenciando as ações do personagem)

* PRESENTE DURATIVO:

"A Igreja condena a pílula anticoncepcional e a Ciência a aprova." (Ações ou estados considerados permanentes)

* PRESENTE HABITUAL ou FREQÜENTATIVO:

"Aqueles jovens estudam na mesma escola." (A forma verbal no presente indica um hábito, uma coisa que acontece sempre.)

* PRESENTE HISTÓRICO ou NARRATIVO:

"Procuram-se e acham-se. Enfim, Sílvio achou Sílvia; viram-se, caíram nos braços um do outro, ofegantes de canseira, mas remidos com a paga. Unem-se, entrelaçam os braços e regressam palpitando da inconsciência para a consciência." - M. Assis. (Os verbos no presente servem para dar mais vivacidade às ações acontecidas no passado.)

* PRESENTE COM SENTIDO DE FUTURO MUITO PRÓXIMO:

"Vou arrumar as malas e, amanhã, embarco para a Europa."
"Vou à Roma, depois sigo para Londres."
(Para se evitar qualquer tipo de ambigüidade, deve-se usar advérbios de
tempo que exprimam futuro junto ao verbo no presente)

segunda-feira, 14 de julho de 2008

CONJUGAÇÃO: FUTURO DO SUBJUNTIVO


"Quando você vir com os olhos da Imaginação, o mundo todo, ao seu redor, ficará mais colorido."

Conjugação verbal é sempre motivo para dores de cabeça em se tratando de exercícios sobre verbo, certo?
Não se você souber como trabalhar com ela! As conjugações verbais são nossas aliadas, não inimigas, e podem nos ajudar a solucionar diversos problemas. Veja só:

O futuro do subjuntivo indica um futuro hipotético. É usado principalmente em orações condicionais (se ...) e temporais (quando ...). Esse tempo verbal deriva da terceira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo (troca-se a terminação "-ram" por "-r").
Quer ver como é fácil? Acompanhe os exemplos abaixo:

Fazer: Eles fize(-ram)--- fize(+r) = se eu fizer... / quando eu fizer...;

Trazer: Eles trouxe(-ram) trouxe(+r) = se eu trouxer... / quando eu trouxer...;

Querer: Eles quise(-ram) _ quise(+r) = se eu quiser... / quando eu quiser...;

Dizer: Eles disse(-ram) _ disse(+r) = se eu disser... / quando eu disser...;

Pôr: Eles puse(-ram) _ puse(+r) = se eu puser... / quando eu puser...;

Ser e Ir: Eles fo(-ram) _ fo(+r) = se eu for... / quando eu for...;

Vir: Eles vie(-ram) _ vie(+r) = se eu vier... / quando eu vier;

Ver: Eles vi(-ram) _ vi(+r) = se eu vir... / quando eu vir...

É por isso que o futuro do subjuntivo do verbo "ver" fica: "se eu vir o filme..."; "quando você vir o resultado do teste..."; "quando nos virmos novamente..."; "se vocês virem a verdade...".
Viram como é fácil?
Até a próxima!

VERBOS "ANÔMALOS"


Calma! Não precisa ficar assustado!
Vamos parar pra pensar acerca desta exótica nomenclatura?
O que a palavra "anômalo" sugere para você?
Fácil, hum? "Anômalo" é algo "esquisitão", "fora do comum", "estranho"!
Pois bem: assim são os chamados "VERBOS ANÔMALOS", também: verbos "esquisitões" que, ao longo de sua conjugação, sofrem profundas alterações em seu radical (sua raiz) e nas suas desinências.
Na nossa língua portuguesa existem apenas dois verbos nesta categoria: o verbo SER e o verbo IR:

Verbo SER (originário das formas latinas "sedere" e "essere"): sou, és, é, somos, sois, são.

Verbo IR (originário das formas latinas "ire", "vadere" e "fugere"): vou, vais, vá... irei, irás, irá... fui, foste, foi...

Observação: Os verbos SER e IR são iguais nos pretéritos Perfeito e Mais-que-Perfeito do Indicativo; no Imperfeito e no Futuro do Subjuntivo. Nesses casos, é sempre o contexto frasal que vai dar conta de distingüir um verbo do outro:

Ele fora meu amigo, na infância. (fora = verbo SER)
Ele fora embora chateado naquele dia. (fora = verbo IR)

CURIOSIDADES SOBRE ALGUNS VERBOS


* EU "PRETIRO"

O verbo "preterir", que significa "deixar de parte, desprezar, rejeitar", é conjugado como tantos verbos portugueses que terminam em "-erir" (ferir, conferir, preferir, aderir).

Exemplos:

Eu firo, eu confiro, eu prefiro, eu adiro, eu pretiro.

Lembre-se de que "preterir" é antônimo de "preferir". Assim, se alguém deve escolher entre morar no Rio de Janeiro ou em São Paulo e acaba optando pelo Rio, esta pessoa está preterindo a cidade de São Paulo.

* HÁ ou HAVIA?

Qual é a forma correta?

"Ela estava em cena mais de uma hora."
ou
"Ela estava em cena havia mais de uma hora."

Segundo o princípio da correspondência dos tempos verbais, devemos dizer que "Ela estava em cena havia mais de uma hora", porque o verbo que acompanha a forma "havia" está no pretérito imperfeito (= estava, fazia, era). Assim também se daria se estivesse no pretérito mais-que-perfeito (= estivera, fizera, soubera, tinha estado, havia feito).

Em caso de dúvida, podemos usar o seguinte "truque": substituir o verbo "haver" pelo "fazer". Se o resultado da troca for "fazia" (e não "faz"), use "havia" (e não "").

Exemplos:

" Estava sem comer havia (= fazia) três dias."
" Havia (= fazia) dez anos que o clube não era campeão."
"Ela estivera naquela cidade havia (= fazia) muito tempo."

É importante observar que a ação se encerrou. A forma (= faz) indica que a ação verbal prossegue. Veja a diferença:

"Havia dez anos que o clube não era campeão." (= o clube acabou de ganhar o campeonato);

" dez anos que o clube não é campeão." (= o clube continua sem ganhar o campeonato).

* COMO É CORRETO DIZER?

"Ele disse que chegaria cedo, mas chegou às 5h";
ou
"Ele tinha dito que chegaria cedo, mas chegou às 5h".

A diferença entre disse e tinha dito é o tempo verbal: disse está no pretérito perfeito e tinha dito, no pretérito mais-que-perfeito do indicativo.

O pretérito perfeito indica uma ação concluída no passado: "Ele disse, saiu, fez..."; o pretérito mais-que-perfeito indica uma ação anterior a outra ação que já está no passado: "Quando eu cheguei (pretérito perfeito = ação já passada), ele já tinha dito ou dissera ou havia dito, tinha saído ou saíra ou havia saído, tinha feito ou fizera ou havia feito (pretérito mais-que-perfeito = ação anterior à ação já passada)".

Assim sendo, a frase correta é: "Ele tinha dito que chegaria cedo, mas chegou às 5h". A ação de "dizer" é anterior a ação de "chegar". O pretérito mais-que-perfeito é o "passado do passado".

* EU ARGUO

O verbo "argüir" não é defectivo. A primeira pessoa do singular do presente do indicativo é "eu arguo". O detalhe é que não há acento agudo na vogal "u", embora a sílaba tônica seja a penúltima (="gu"). Devemos pronunciar e escrever "arguo".

* O VERBO SOER

Você já ouviu alguém dizer "como sói acontecer"? "Ele chegou atrasado, como sói acontecer." A frase é erudita, e você precisa conhecê-la. "Sói" é a terceira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo "soer". E o que significa "soer"? Vamos aos dicionários: "ser comum, freqüente; ocorrer geralmente; costumar". Então "sói" significa "é comum", "ocorre geralmente": "Ele chegou atrasado, como é comum acontecer."

domingo, 13 de julho de 2008

ESTUDO DOS PRONOMES

Observe as ilustrações a seguir e atente para as frases que as acompanham:







Agora, observe atentamente os termos destacados nas frases seguintes:

Quando ele mostrou as pesquisas, eu caí do cavalo.

A não compreensão do público me assustou.

A meta é atingir aquele patamar.

O sucesso justifica qualquer coisa.

Nos dois primeiros exemplos, a função desses termos é substituir o nome (substantivo); já nos dois últimos, sua função é acompanhar o substantivo, determinando a extensão de seu significado. Tais palavras são denominadas pronomes.

Pronome é a palavra variável em gênero, número e pessoa que representa ou acompanha o substantivo, indicando sua posição em relação às pessoas do discurso ou situando-o no espaço e no tempo.

Quando o pronome representa o substantivo, dizemos tratar-se de pronome substantivo:

Ele não veio.

Convidei-o para a festa.

Quando o pronome acompanha o substantivo, dizemos tratar-se de pronome adjetivo:

Esta casa é antiga.

Meu livro está rabiscado.

Muitos livros são interessantes.

Isoladamente, o pronome não tem significado, pois não temos condições de identificar o ser a que ele se refere. Portanto, o pronome expressa um ser apenas quando inserido num contexto.

Paulo é uma pessoa divertida. Convidei-o para a festa, mas ele não veio.

Há em português, seis espécies de pronomes: pessoais; interrogativos; demonstrativos; relativos; indefinidos; interrogativos.

As pessoas do discurso

Como o pronome, via de regra, está relacionado às pessoas do discurso (ou seja, às pessoas que participam de uma fala, de uma conversação), é fundamental identificá-las.

São três as pessoas do discurso:

primeira pessoa – aquela que fala.
segunda pessoa – aquela com quem se fala.
terceira pessoa – aquela de quem (ou de que) se fala.

Imaginemos um fragmento de conversa em que José (primeira pessoa) fala com Juliana (segunda pessoa) sobre Tiago (terceira pessoa):

-Eute disse: não quero falar sobre ele!

Eu é um pronome que indica a primeira pessoa, a pessoa que fala (José); te é um pronome que indica a segunda pessoa, no caso, Juliana, com quem José fala; ele é um pronome que indica a terceira pessoa, de quem se fala, ou seja, Tiago.

1) Pronomes pessoais

Pronomes pessoais são aqueles que representam as pessoas do discurso. Além das flexões de pessoa (primeira, segunda e terceira), gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural), o pronome pessoal apresenta variação de forma (reto ou oblíquo), dependendo da função que desempenhar na oração.
O pronome pessoal será reto quando desempenhar a função de sujeito da oração e será oblíquo quando desempenhar a função de complemento verbal.

Os pronomes pessoais são os seguintes:


As formas sintéticas comigo, contigo, conosco, convosco, e consigo resultam da combinação da preposição com + os pronomes oblíquos correspondentes.

Pronomes de tratamento

Na categoria dos pronomes pessoais, incluem-se os pronomes de tratamento. Eles se referem à pessoa com quem se fala (portanto, segunda pessoa), mas a concordância gramatical deve ser feita na terceira pessoa. Convém notar que, com exceção de você, esses pronomes são empregados no tratamento cerimonioso.

Veja alguns deles:


São também pronomes de tratamento: o senhor, a senhora, você, vocês.

Emprego dos pronomes pessoais:

1. Os pronomes oblíquos conosco e convosco são utilizados normalmente em sua forma sintética. Caso haja palavra de reforço, tais pronomes devem ser substituídos pela forma analítica:

Queriam falar conosco.
Queriam falar com nós dois.

2. Os pronomes oblíquos o, a, os, as, quando precedidos de verbos que terminam em –r, -s, - z, assumem a forma lo, la, los, las, e os verbos perdem aquelas terminações.

Vou amá-lo por toda a minha vida. (amar + o)
As nossas crianças, amemo-las com intensidade. (amemos + as)
O jogo, fi-lo sozinho. (fiz + o)

3. Os pronomes oblíquos o, a, os, as, quando precedidos de verbos que terminam em –m, - ão, -õe, assumem a forma no, na, nos, nas.

Entregaram-no ao professor.
O assunto, dão-no por encerrado.
Abençõem-nos para que partam tranqüilos.

4. Na primeira pessoa do plural (nós), a forma verbal perde o s final quando seguida do pronome oblíquo nos.

queixamos + nos = queixamo-nos
referimos + nos = referimo-nos

5. As formas plurais nós e vós podem ser empregadas para representar uma única pessoa (singular), adquirindo valor cerimonioso ou de modéstia.

Nós – disse o prefeito – procuramos resolver o problema das enchentes. (plural de modéstia)
Vós sois minha salvação, meu Deus! (plural de majestático)

6. Os pronomes de tratamento devem vir precedidos de vossa, quando nos dirigimos à pessoa representada pelo pronome, e por sua, quando nos referimos a essa pessoa.

Vossa Excelência já aprovou os projetos? – perguntou o assessor.
Sua Excelência, o governador, deverá estar presente à inauguração – relatou o repórter.

Na primeira frase, empregou-se Vossa Excelência porque o interlocutor falava com o governador. Na Segunda, o repórter utilizou a forma Sua Excelência porque falava do governador.

7. No português moderno falado no Brasil, você deixou de ser pronome de tratamento e assumiu todas as características e funções de um pronome pessoal de segunda pessoa substituindo o tu e o vós. No entanto, continua fazendo a concordância com o verbo na terceira pessoa.

Você irá ao cinema? (você: segunda pessoa; irá: terceira pessoa)
Vocês irão ao cinema? (vocês: segunda pessoa; irão: terceira pessoa)

2) Pronomes possessivos

Pronomes possessivos são aqueles que se referem às pessoas do discurso, indicando idéia de posse.

Meu chapéu é vermelho
Posso ler teu jornal?

Os pronomes possessivos são os seguintes:


Concordância dos pronomes possessivos:

Os pronomes possessivos concordam em gênero e número com a coisa possuída, e em pessoa com o possuidor.

(Eu) Vendi meus discos.
(Eu) Vendi minha coleção de discos.

(Tu) Releste teus papéis?
(Tu) Releste tua prova?

(Nós) Emprestamos nossos discos.
(Nós) Emprestamos nossa casa.

Quando o pronome possessivo determina mais de um substantivo, ele deverá concordar em gênero e número com o substantivo mais próximo.

Fiquei ouvindo meus discos e fitas.

Emprego dos pronomes possessivos:

1. Em muitos casos, a utilização do possessivo de terceira pessoa (seu e flexões) pode deixar a frase ambígua, ou seja, podemos ter dúvidas quanto o possuidor:

A professora disse ao diretor que concordava com sua nomeação. (nomeação de quem? Da professora ou do diretor?)

Para evitar essa ambigüidade, deve-se, sempre que possível, substituir o pronome seu (e flexões) pela forma dele (e flexões).

A professora disse ao diretor que concordava com a nomeação dela. (da professora)
A professora disse ao diretor que concordava com a nomeação dele. (do diretor)

2. Há casos em que o pronome possessivo não exprime propriamente idéia de posse. Ele pode ser utilizado pra indicar aproximação, afeto ou respeito.

Aquele senhor deve ter seus cinqüenta anos. (aproximação)
Meu caro aluno, procure esforçar-se mais. (afeto)
Minha Senhora, permita-me um aparte. (respeito)

3. A palavra seu que antecede nomes de pessoas não é pronome possessivo, mas corruptela de senhor.

Seu Humberto, o senhor poderia emprestar-me a furadeira?

3) Pronomes demonstrativos

Pronomes demonstrativos são aqueles que indicam a posição de um ser em relação às pessoas do discurso, situando-o no espaço ou no tempo.
Dependendo do contexto, também podem funcionar como pronomes demonstrativos as seguintes palavras: o, a, os, as, mesmo, próprio, semelhante, tal.

Falaram tudo o que queriam.
As atletas convocadas não eram as que estavam em melhor forma.

Tal é pronome demonstrativo quando equivale a este, esse, isso (e respectivas flexões):

Não havia motivos reais para tal comportamento.
Jamais consegui compreender tais decisões.

Semelhante é pronome demonstrativo quando equivale a este, esse, tal (e respectivas
reflexões).

Não diga semelhante asneira!

Mesmo e Próprio são demonstrativos de reforço. Estarão sempre se referindo a um substantivo ou pronome com o qual deverão concordar:

Ele mesmo preparou o jantar.
Ela própria autorizou a viagem do filho.
Fizeram as mesmas reclamações ao síndico.
Não se deve fazer justiça pelas próprias mãos.

Os pronomes demonstrativos, com exceção de mesmo, próprio, semelhante e tal, podem aparecer unidos a preposições.

deste, desta, disto (= de + este, esta, isto)
nesse, nessa, nisso (= em + esse, essa, isso)
daquele, daquela, daquilo (= de + aquele, aquela, aquilo)
àquele, àquela, àquilo (= a + aquele, aquela, aquilo)

Emprego dos pronomes demonstrativos:

1. Os pronomes demonstrativos podem ser utilizados para indicar a posição espacial de um ser em relação às pessoas do discurso.

Os demonstrativos de primeira pessoa (este e flexões, isto) indicam que o ser está próximo à pessoa que fala:

Esta menina que está aqui ao meu lado se chama Lúcia.
Este livro que trago comigo é um romance.
Isto que eu tenho nas mãos é uma chave.

Os demonstrativos de segunda pessoa (esse e flexões, isso) indicam que o ser está próximo à
pessoa com quem se fala.

Essa menina que está aí ao teu lado se chama Lúcia.
Esse livro que tu trazes contigo é um romance.
Isso que você tem nas mãos é uma chave.

Os demonstrativos de terceira pessoa (aquele e flexões, aquilo) indicam que o ser está próximo à pessoa de quem se fala, ou distante dos interlocutores.

Aquela menina que estuda na outra sala se chama Lúcia.
Aquele livro que está lá na biblioteca é um romance.
Aquilo que está ali nas mãos de Pedro é uma chave.

2. os demonstrativos servem para indicar a posição temporal, revelando proximidade ou distanciamento no tempo, em relação à pessoa que fala.

O demonstrativo de primeira pessoa este (e flexões) revela tempo presente, ou bastante
próximo do momento em que se fala:

Hoje é feriado, por isso desejo aproveitar este dia.
Desejo viajar ainda nesta semana.

O demonstrativo de segunda pessoa esse (e flexões) revela tempo passado relativamente
próximo ao momento em que se fala:

Na quarta-feira passada fiz aniversário; nesse dia reuni-me com os amigos.
No mês passado completei dezoito anos; nesse mesmo mês tirei a carteira de habilitação.

O demonstrativo de terceira pessoa aquele (e flexões) revela tempo remoto ou bastante vago:

Em 1970, a seleção brasileira de futebol era imbatível. Resultado: naquele ano o Brasil se
sagrou tricampeão mundial.
Em 1922 realizou-se a semana da Arte Moderna em São Paulo; naquela época, muitas
pessoas criticaram as propostas modernistas.

3. Os pronomes demonstrativos podem indicar o que ainda vai ser dito e aquilo que já foi dito.

Devemos empregar este (e flexões) e isto quando queremos fazer referência a alguma coisa que ainda vai ser dita:

Espero sinceramente isto: que sejam chamados os melhores.
Estas são as qualidades de um bom texto: clareza, correção, elegância e concisão.

Devemos empregar esse (e flexões) e isso quando queremos fazer referência alguma coisa que
já foi dita:

Que sejam chamados os melhores; é isso que espero.
Clareza, correção, elegância e concisão; essas são as qualidades de um bom texto.

Emprega-se este em oposição a aquele quando se quer fazer referência a elementos já
mencionados. Este se refere ao mais próximo; aquele, ao mais distante.

Matemática e Literatura são matérias que me agradam: esta me desenvolve a sensibilidade;
aquela, o raciocínio.

4) Pronomes relativos

Pronomes relativos são aqueles que retomam um termo anterior (antecedente) da oração, projetando-o numa outra oração.

Não conhecemos os alunos. Os alunos saíram.
Não conhecemos os alunos que saíram.

Observe: o pronome relativo que retoma o termo antecedente (os alunos), projetando-o na
oração seguinte.

Os pronomes relativos são os seguintes:


Emprego dos pronomes relativos:

1. Os pronomes relativos virão precedidos de preposição se a regência assim determinar.

Este é o autor a cuja obra me refiro. (me refiro a)
Este é o autor de cuja obra gosto. (gosto de)
São opiniões em que penso. (penso em)

2. O pronome relativo quem é empregado com referência a pessoas e é precedido de preposição:

Não conheço a menina de quem você falou.
Este é o rapaz a quem você se referiu.

3. É comum empregar o relativo quem sem antecedente claro. Nesse caso, ele é classificado como relativo indefinido e não é antecedido de preposição:

Quem cala consente. (= Aquele que cala, consente)

4. O pronome relativo que pode ser empregado com referência a pessoas ou coisas:

Não conheço o rapaz que saiu. (pessoa)
Não li o livro que você me indicou. (coisa)

5. Quando precedido de preposição monossilábica, emprega-se o pronome relativo que. Com preposições de mais de uma sílaba, usa-se o relativo o qual (e flexões).

Esta é a pessoa de que lhe falei.
Esta é a pessoa sobre a qual lhe falei.
Aquela é a ferramenta com que trabalho.
Aquele é o empreiteiro para o qual trabalho.

6. O pronome relativo que pode ter por antecedente o pronome demonstrativo o (e flexões).

Cesse tudo o que a Musa antiga canta...” (Camões)
Sei o que estou dizendo.
Calou o que sentia.

Nesses casos o pronome o equivale a aquilo.

7. O pronome relativo cujo (e flexões) é relativo possessivo, equivalendo a do qual (e flexões). Deve concordar com a coisa possuída:

Esta é a pessoa em cuja casa me hospedei. (casa da pessoa)
Esta é a cidade cujas praias são lindas. (praias da cidade)
Feliz o pai cujos filhos são ajuizados. (filhos do pai)

8. O pronome relativo quanto (e flexões) normalmente tem por antecedentes os pronomes indefinidos tudo, tanto etc.; daí seu valor indefinido.

Falou tudo quanto queria.
Coloque tantas quantas forem necessárias.

Também pode ser empregado sem antecedente. Esse emprego é comum em certos documentos jurídicos:

Saiba quantos lerem esta escritura...

9. O relativo onde é usado para indicar lugar e equivale a em que, no qual.

Esta é a casa onde moro.
Não conheço o lugar onde você está

Onde é empregado com verbos que não dão idéia de movimento. Pode ser usado sem
antecedente.

Sempre morei na cidade onde nasci.
Fique onde está.

Aonde é empregado com verbos que dão idéia de movimento e equivale a para onde, sendo resultado da combinação da preposição a + onde.

Não conheço o lugar aonde você irá.
Voltei àquele lugar aonde meu pai costumava me levar quando criança.

5) Pronomes indefinidos

Pronomes indefinidos são aqueles que se referem à terceira pessoa do discurso de modo
vago e impreciso.

Alguém me contou a verdade.
Algo me diz que não é este o caminho.

Os principais pronomes indefinidos são os seguintes:


Os pronomes indefinidos também podem aparecer sob forma de locução pronominal: cada qual, quem quer que, qualquer um.

Emprego dos pronomes indefinidos:

1. O indefinido algum, quando posposto ao nome, assume valor negativo, equivalendo a nenhum.

Motivo algum me fará desistir do cargo.
Livro algum faz referência a este episódio.

2. O pronome indefinido cada não deve ser utilizado desacompanhado de substantivo ou numeral:

Recebemos cem reais cada um.

3. Certo é pronome indefinido quando anteposto ao nome a que se refere. Quando posposto, será adjetivo:

Não entendi certos exercícios. (pronome indefinido)
Os exercícios certos valerão nota. (adjetivo, com sentido de “corretos”)

4. Todo, toda (singular), quando desacompanhados de artigo, significam qualquer.

Todo homem é mortal. (qualquer homem)

Quando acompanhados de artigo, passam a dar a idéia de totalidade.

Ele comeu todo o bolo. (o bolo inteiro)

No plural, todos, todas sempre virão seguidos de artigo, exceto se houver palavra que os exclua, ou numeral não seguido de substantivo:

Todos os alunos compareceram.
Todos estes alunos compareceram. (estes: palavra que exclui o artigo).
Todos os cinco alunos compareceram.

5. Qualquer tem por plural quaisquer.

Acabaram acolhendo quaisquer soluções.

A palavra qualquer, quando posposta ao substantivo, assume valor pejorativo:

Era um malandrinho qualquer.

6) Pronomes interrogativos

São aqueles usados para formular alguma pergunta, de forma direta ou indireta.

Que impacto a rejeição do público causou em você? (interrogativa direta)
Gostaria muito de saber quem fez isso. (interrogativa indireta)

Por suas características, os pronomes interrogativos assemelham-se aos pronomes indefinidos.

domingo, 6 de julho de 2008

"PAPO RETO"


Abro as portas deste blog, em primeiríssimo lugar, dando as minhas mais cordiais "boas vindas" a todos os alunos que tiverem acesso a este cantinho de discussão, aprofundamento e esclarecimento de tópicos relacionados a nossa amada Língua Portuguesa.
O "Entendendo a Gramática" é fruto de anos de pesquisa e trabalho como professor de Português e também uma forma de suprir as necessidades de alunos, que sempre me pediam materiais, resumos e exercícios extra para complementar seus estudos.
Como vida de professor não é "bolinho", resolvi criar uma forma de comunicação mais direta e abrangente: "papo reto" com os alunos e todos aqueles que vierem somar suas dúvidas aos nossos sempre entusiasmados estudos gramaticais.
Aqui vocês poderão, através dos comentários de cada um dos "posts" (textos), registrar suas dúvidas e pedidos que, tão logo me for possível, serão respondidos/atendidos.
Desejo a todos horas produtivas de estudo e muita autoconfiança para vencer todos os eventuais obstáculos que forem aparecendo ao longo do caminho.
Para o que precisarem, contem com minha humilde ajuda.
Grande abraço!

Professor Daniel.