sábado, 8 de setembro de 2012

"DE MAIS" OU "DEMAIS"?

 Nossos alunos são comprometidos demais com os estudos!

Prontos para resolver mais uma dúvida recorrente da nossa amada língua?
Numa oração como: 

Sabemos que ela fala demais!
Sabemos que ela fala de mais!

Qual é a forma correta: "demais" ou "de mais"?
Você sabe diferenciar essas duas formas? Saberia, com precisão, determinar qual das versões da oração acima é a correta?
Nosso post de hoje, então, vai esclarecer essa dúvida e eliminar o problema!
Entendamos, pois, as diferenças. O que importa, de fato, para decidirmos o caso de usar a palavra "demais" ou a expressão "de mais" não é propriamente como classificamos uma ou outra, mas o significado apresentado por cada uma delas. 
De modo geral, DEMAIS, numa só palavra, funciona como advérbio de intensidade. Acentua, portanto, o valor de verbo, de um adjetivo ou mesmo de um outro advérbio, apresentando significado próximo ao de "muito", "muitíssimo", "extremamente", "excessivamente", "em demasia". 
Observe os exemplos listados abaixo: 

"A seleção de vôlei jogou demais no último campeonato." 
"Perto demais do fogo, Juanes se queimou." 
"Elisa era linda demais nas suas recordações infantis." 
"Soube que eles escrevem mal demais." 

Perceba que, em todos os casos listados acima, a palavra "demais" está associada a verbo, adjetivo ou advérbio, sempre cumprindo, em relação a todas essas palavras, a função de lhes intensificar o sentido.
Portanto, não se esqueça disso: DEMAIS, quando se refere a VERBOS, ADJETIVOS ou ADVÉRBIOS, é um ADVÉRBIO DE INTENSIDADE, e é uma palavra só: DEMAIS!

Só que a palavra "DEMAIS" também pode ser empregada como pronome indefinido, quase sempre precedida de artigo, com o significado de os outros, os restantes, os mais. Acompanhe o exemplo:

"Foram impedidos poucos candidatos do partido; os demais se deram bem." 

Demais como adjetivo: 

"Os demais candidatos recorreram ao STF e se deram bem." 

"Demais" equivale, ainda, a "além disso", "ademais", "demais disso", "de mais a mais" - em uso pouco frequente; há quem discorde, mas, nessa acepção, alguns gramáticos classificam demais como conjunção coordenativa que introduz uma oração explicativa, às vezes, seguida de vírgula. Curiosa e justificável essa osci­lação, porque a classe adverbial é um tanto difusa, como lembra Celso Cunha em sua Gramática da Língua Portuguesa (Fename, 1982). Exemplos: 

 "Dora disse que não queria mais ser parte daquele setor; demais não leva jeito mesmo." 
 "Não disse nada a ela; demais, não havia o que dizer." 

Já a expressão "DE MAIS", composta por preposição e advérbio, expressa a noção de quantidade, com significado aproximado de a mais, como oposto de de menos. Tem função adjetiva; acompanha, portanto, substantivos ou palavras substantivadas: 

"Maristela perdeu quilos de mais." 
"Está tudo em cima; nem ossos de mais, nem carne de menos." 
"Não houve nada de mais com ela." 

Assim, minha gente, no frigir dos ovos, classificações e definições, "na hora H", pouco importam. O que importa é observar com atenção o sentido da frase para fazer a escolha apropriada.
Espero que tenhamos, aqui, esclarecido mais essa dúvida acerca de expressões de uso cotidiano na língua.
Deixo meu grande abraço a todos.
Até a próxima!

Prof. Daniel Vícola

Nenhum comentário: