terça-feira, 29 de março de 2011

CORREIO GRAMATICAL


Unindo o útil ao agradável, crio, a partir de agora, a seção "CORREIO GRAMATICAL", em que vou tratar de responder as dúvidas que os alunos me mandam via e-mail, compartilhando a informação com todos que acessam o blogue.
Inaugurando este novo canal, utilizo-me da carinhosa mensagem da Vânia, aluna do Instituto GETUSP:

Caro Prof. Daniel,
Antes de mais nada, gostaria de parabenizá-lo por suas aulas. Tenho prazer em assistí-las. Excelente didata!
Agora uma dúvida sobre a aula de verbos:
Qual a diferença entre infinitivo pessoal e impessoal?
Aguardo sua resposta,
Um abraço
Vânia

Oi,Vânia!

Muito obrigado por seu gentil retorno!
É muito bom saber e sentir os resultados do curso que preparo com tanto carinho.
A questão dos infinitivos é bastante simples, Vânia.
Vou tratar disso na aula de conjugações que vou gravar para o montante de "Redação".
Mas só para não a deixar curiosa, respondo: o infinitivo impessoal é o infinitivo como mostrei na aula. Seria o verbo "em seu estado bruto", sem nenhuma espécie de flexão (cantar, dizer, falar, sentir...)
Já o infinitivo pessoal é quando você pega a forma do infinitivo e a atribui a uma das pessoas do discurso. Por exemplo:

"Seria melhor nós ESTUDARMOS a lição, Maria!"
"É melhor FAZERMOS logo o almoço!"

Repare que, nessas frases, eu me utilizei do infinitivo, mas o atribui a primeira pessoa do plural, nós, ao dizer ESTUDARMOS e FAZERMOS. Repare que esses verbos AINDA NÃO FORAM CONJUGADOS, eu apenas atribui a AÇÃO expressa por eles a uma das três pessoas do discurso, sem que ela tenha, contudo, efetivamente praticado aquela ação!
Assim:

NÓS "FAZER" = NÓS "FAZERMOS"
NÓS "ESTUDAR" = NÓS "ESTUDARMOS"

A esse infinitivo com as marcas número-pessoais acrescidas através de desinências chamamos de INFINITIVO PESSOAL.
É isso, Vânia!
Espero ter ajudado.
Um grande abraço!

Prof. Daniel Vícola

segunda-feira, 28 de março de 2011

VALE EMPRESTAR AS PALAVRAS DE OUTRO IDIOMA?


Em matéria de língua não há propriedade privada; tudo é socializado.
(Roman Jakobson)

Diante das palavras desse que se tornou um dos maiores linguistas do século XX, impossível deixar de refletir sobre o caráter dinâmico da língua, das linguagens e dos códigos de que nos utilizamos para construir nossos atos de comunicação. Basta parar para pensar sobre o seguinte: à medida que o tempo passa, novos vocábulos vão se incorporando ao nosso discurso e permitindo que os relacionamentos humanos adquiram um perfil cada vez mais ativo, dinâmico e complexo. Para ilustrar o fenômeno que estamos aqui descrevendo, analisemos alguns fragmentos de uma canção intitulada "Samba do Approach", de autoria de dois conhecidos "Zecas": o Pagodinho e o Baleiro:

Venha provar meu brunch
saiba que eu tenho approach
na hora do lunch
eu ando de ferryboat

Eu tenho savoir-faire
meu temperamento é light
minha casa é hi-tech
toda hora rola um insight

Já fui fã do Jethro Tull
hoje me amarro no Slash
minha vida agora é cool
meu passado é que foi trash

Venha provar meu brunch
saiba que eu tenho approach
na hora do lunch
eu ando de ferryboat
[...]

Não dispenso um happy end
quero jogar no dream team
de dia um macho man
e de noite drag queen

Venha provar meu brunch
saiba que eu tenho approach
na hora do lunch
eu ando de ferryboat

E não pensem que o que essa letra tão bem humoradamente ilustra representa algo inédito, pois desde os mais remotos tempos observamos esses empréstimos linguísticos acontecerem e serem amplamente utilizados na linguagem informal, cotidiana. Não é de hoje que vamos pinçando, aqui e ali, uma palavrinha ou outra no vocabulário de outros povos, misturando-os ao nosso falar, apropriando-nos do que não é nosso. Basta pensar, séculos atrás, na alta incidência de palavras oriundas de línguas estrangeiras, mais precisamente de línguas célticas, germânicas e árabes no decorrer da formação da língua portuguesa, ainda na Península Ibérica. Logo após, com o advento das grandes navegações, empréstimos provenientes de línguas europeias, africanas, americanas e asiáticas tiveram seu destaque e nos regalaram suas contribuições.
Atualmente, o que se pode constatar com extrema recorrência são os empréstimos derivados do inglês norte-americano, difundidas em sua forma original ou até mesmo aportuguesadas. É, você nunca parou pra observar que, de tão usadas e repetidas, algumas palavras estrangeiras acabaram sendo aportuguesadas? Passando por um processo de aportuguesamento fonológico e gráfico, só para ficarem com a "carinha" do nosso idioma materno? Espia só: temos o bife (beef), futebol (football), xampu (shampoo) e tantas outras, tão presentes no nosso cotidiano que as proferimos sem ao menos nos darmos conta de que se tratam de estrangeirismos, concebendo-as, muitas vezes, como se fossem genuinamente portuguesas. Vale alertar para o seguinte, moçada: quando mantidas sob a forma original, sobretudo quando se trata da linguagem escrita, essas palavras devem ser destacadas pelas aspas. No caso da imprensa, normalmente são retratadas em itálico.
Se há problemas em utilizar esses empréstimos no seu dia-a-dia? Nenhum, ora pois! Basta de ter bom senso e demonstrar inteligência e criatividade ao fazê-lo. O contexto informal nos permite uma série de possibilidades expressivas das quais temos de nos utilizar quanto e como quisermos, sempre enriquecendo nosso discurso.
Agora, se tais usos revelarem, pela sua excessiva ocorrência ou por certo pedantismo, alguma sorte de "subserviência cultural", daí sim poderemos dizer que eles são totalmente out e nada têm a acrescentar à comunicação.
Como este é um blogue voltado para o estudo gramatical, cumpre, ainda, ressaltar o seguinte: em contextos formais, caso haja a necessidade, as formas a que você deve sempre dar preferência são aquelas que já foram aportuguesadas, certo?
No mais, see you next time, guys! ;-)

Professor Daniel Vícola

terça-feira, 22 de março de 2011

PROPOSITALMENTE ou PROPOSITADAMENTE?


Como sempre alerto aos alunos, nossa língua tem mistérios que a própria gramática desconhece. Pode ser numa conjugação verbal, na grafia esdrúxula de um termo, numa palavra que você jura - de pés juntos! - não existir e, quando vai consultar os bons dicionários, acaba descobrindo que existe, sim, e é, por incrível que pareça, até recomendada pelos defensores da norma culta.
É, minha gente, estudar nosso rico idioma é isso aí: estar sempre às voltas com dúvidas, as mais variadas possíveis!
O que me traz aqui, hoje, é a dúvida da Mirian, aluna da Turma Regular do GETUSP, que me perguntou, em sala de aula, o seguinte:

"Qual a forma correta, professor: PROPOSITALMENTE ou PROPOSITADAMENTE?"

E lá fui eu consultar todas as minhas mais seguras fontes para sanar mais essa dúvidae compartilhar a informação com os leitores do blogue.
Via de regra, o que os grandes dicionaristas da nossa língua registram como forma vernácula é o advérbio PROPOSITADAMENTE, derivado do adjetivo PROPOSITADO, ou seja "feito de propoósito".
De acordo com o padrão culto, então, parece-me, diante da pesquisa realizada, que a preferência lexical está com essa forma.
Contudo, alguns outros estudiosos da língua parecem não fechar as portas de todo para a variação PROPOSITALMENTE, mostrando-nos que, enquanto fruto de um processo de derivação sufixal, essa forma é totalmente válida, uma vez que o adjetivo PROPOSITAL existe, de fato, no vocabulário da língua e, portando, assim como acontece com PROPOSITADO, também pode dar origem a novas palavras como,  no caso, o advérbio PROPOSITALMENTE.
Aqueles que defendem a existência de PROPOSITALMENTE, contudo, fazem uma ressalva: por não ser forma dicionarizada, embora perfeitamente concebível para os padrões de formação de palavras do português, eles recomendam que, em contextos mais formais, se utilize a forma vernácula PROPOSITADAMENTE.
E é isso, minha gente. A língua sempre nos levando a refletir sobre suas possibilidades e seus usos.
Espero ter contribuído com os estudos de todos vocês!
Grande abraço.

Professor Daniel Vícola

segunda-feira, 21 de março de 2011

INDICAÇÕES DE AUTORES


Muitas vezes, em situações de sala de aula, alunos me perguntam se eu tenho alguma indicação de material para que eles possam utilizar em seus estudos preparatórios para concursos.
Pois bem, eu tenho, sim, alguns autores de que gosto mais e aos quais sempre recorro tanto para preparar aulas quanto para sanar dúvidas.
Como cada autor pode ter mais de uma obra, vou citar apenas nomes. Como são autores que conheço bem, posso garantir que os materiais que escrevem são bons, didáticos e completos.
Aqui vai a lista:

Nilson Teixeira de Almeida
Pasquale Cipro Neto
William Cereja e Thereza Cochar 
Platão e Fiorin
Ulisses Infante
Mauro Ferreira
Faraco e Moura

Qualquer material que você consiga, de qualquer um desses autores, será, com certeza, um material de qualidade e bom para se estudar.
Espero ter ajudado a todos.
Grande abraço!

Professor Daniel Vícola

quarta-feira, 9 de março de 2011

CONHEÇA UM POUCO MAIS SOBRE O ENEM


O ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) teve seu início na segunda metade da década de 1990, com o intuito de se obter dados qualitativos sobre os formandos do ensino médio em nosso país. Inicialmente, a prova era composta de 63 questões de múltipla escolha envolvendo 04 grandes áreas do conhecimento (Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias) mais uma redação. Os conteúdos analisados eram diferentes dos conteúdos cobrados pelos tradicionais vestibulares. No ENEM, sempre cobrou-se do aluno uma gama de habilidades e competências que, somadas aos conteúdos assimilados durante o ensino médio, dão ao aluno a possibilidade de uma grande quantidade de acertos. Além disso, como sempre falo em relação aos vestibulares tradicionais, consegue a vaga quem erra menos e não quem acerta mais, intenção essa do ENEM. Como a prova não é obrigatória para os formandos, no início, sua adesão foi muito baixa. Verificando o problema, o governo federal - via MEC e INEP - resolveu criar artifícios para que a prova fosse mais atrativa para os recém-egressos do ensino médio. Foi aí que surgiu o ProUni (Programa Universidade Para Todos), que proporciona bolsas de estudo (integrais ou parciais) para os estudantes que concluiram o ensino médio em escolas públicas (ou 100% de bolsa em escolas particulares) e que se enquadrem em padrões socioeconômicos determinados pelo MEC. Além do ProUni, diversas universidades (públicas e particulares) também começaram a adotar a prova como elemento para determinar o ingresso em seus cursos.
Em 2009, o MEC resolveu ampliar a abrangência do ENEM. Modificou o formato da prova que passou a contar com 45 questões de múltipla escolha de cada grande área do conhecimento - perfazendo um total de 180 questões - além da redação. Além da modificação do formato, criou o SISU (Sistema de Seleção Unificada), onde o aluno, independentemente da região onde resida, consegue vaga em qualquer universidade federal participante do SISU. Exemplo: um aluno de São Paulo, realiza a prova do ENEM em sua cidade; após o resultado, ele insere a nota obtida no site do SISU em um curso em até 5 campi das universidades federais participantes. Isso é democratização do acesso à universidade federal. Além desse aluno ainda poder contar com o ProUni, caso se enquadre nos padrôes exigidos e descritos acima.
Além dessas oportunidades geradas, o ENEM ainda proporciona diploma do ensino médio a pessoas maiores de 18 anos desde que tire mínimo 400 em cada área do conhecimento e 500 na redação.
Até que enfim nossos governantes tomaram atitudes para tentar resolver, a curto prazo, um dos principais gargalos do desenvolvimento econômico do nosso país que é a carência de mão-de-obra qualificada.
Foi pensando nisso que criei (a princípio em Osasco-SP) um curso preparatório para o ENEM, a preços populares, mas com qualidade suficiente para que nossos alunos consigam seus objetivos ao fazer a prova. Fica o link do nosso blog.


Abraço.

Professor Rodrigo Dionisi Capelli

Sobre o Autor:
Formado em Ciências Sociais pela Unesp (Araraquara), pós-graduado em Sócio-Psicologia pela FESPSP. Professor da área de Ciências Humanas (Filosofia, Geografia, História e Sociologia) para o Ensino Mèdio, Pré-Vestibulares e ENEM e graduação. Grande entusiasta da democratização da educação.

terça-feira, 1 de março de 2011

DE VOLTA À SALA DE AULA


Sim, meus queridos. Depois de um longo período longe das salas de aula - tudo tem seu momento e a "pausa" foi providencial! - estou retomando a "missão" de professor e, muito felizmente, da melhor forma possível: com os cursos preparatórios para concursos públicos do GETUSP e com o curso preparatório para o ENEM do professor Rodrigo Capelli, em Osasco, o CEPE.
O que espero dessa retomada é muito e profícuo trabalho, muita energia à disposição da educação e muita vontade de fazer com que o retorno seja ainda mais gratificante do que aquilo que houve antes.
Gosto da minha profissão e acredito nela. Sei que se há profissionais que podem efetivamente construir um futuro melhor para o nosso país, esses profissionais somos nós, PROFESSORES, comprometidos com a nossa tarefa de levar conhecimento e oportunidades de crescimento aos jovens, que precisam voltar a acreditar que só através da EDUCAÇÃO podemos atingir, com dignidade, o sonho de dias melhores, mais dignos e de igualdade entre as pessoas.
Vou, aos poucos, retomando também a dinâmica do blogue.
Espero comentários, visitas, participação ativa de todos vocês por aqui.
Feliz com o momento e com as boas promessas para 2011.
Um grande abraço!

Professor Daniel Vícola